sábado, 16 de maio de 2009

Depus a máscara


Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.

Fernando Pessoa (heterónimo: Álvaro de Campos)

2 comentários:

  1. Fernando Pessoa é,sem dúvida,o meu poeta preferido. Um homem que não tinha medo da palavra. Contraditório,complexo,criador das suas próprias leis.O seu pensamento estava sempre muito à frente dele mesmo,num patamar superior. A ele presto a minha vénia, pois em cada poema há uma mensagem que nos surpreende e nos ensina algo de novo. É uma homenagem mais que merecida.

    ResponderEliminar
  2. Olá, Márcia! Mais uma vez obrigado pelo comentário e agradeço-te por seres uma assídua frequentadora do meu blogue. Fica bem!

    ResponderEliminar