Shambhala

Ao longo de milhares de anos, circularam pelo mundo rumores e relatos sobre um lugar nos Himalaias, além dos picos gelados do Tibete, além dos vales da Eurásia, onde fica um paraíso inacessível à maioria do homens, lugar onde reinam a sabedoria e a paz, um reino chamado Shambhala.

Shambala, que em sânscrito significa "Lugar de Paz", também designada em tibetano por bde 'byung (Origem da Felicidade), é um reino mítico, habitado por uma comunidade de seres perfeitos e semi-perfeitos que em silêncio e segredo são os guias da evolução da humanidade.

Segundo a lenda, somente os "puros de coração" podem viver em Shambhala. Ali desfrutam de completo bem-estar e felicidade numa existência sem sofrimento, sem angústia de desejos, sem doença ou velhice. Não há injustiças, as pessoas são belas e possuem faculdades metafísicas e extra-sensoriais. São altamente avançados sob todos os aspectos, do espiritual ao tecnológico, do artístico ao científico.

A localização exacta de Shambhala é um mistério. Numerosos exploradores e adeptos de diferentes tradições espirituais tentaram encontrar o "reino invisível" sem sucesso. Apesar de tudo, parece certo que Shambhala fica na Eurásia. Teósofos vão mais além e apontam o deserto de Gobi como o lugar que abriga a "morada dos deuses" (ou dos mestres ascensos). Entretanto, esta Shambhala, que ninguém pode ver ainda que percorra todos os quadrantes do deserto, situa-se além da realidade física percebida pelo homem. Shambhala é uma ponte, portal entre o mundo dos homens e um outro mundo, um mundo além da percepção ordinária. Muitos dos Lamas do Tibete dedicaram e dedicam suas vidas a obter um desenvolvimento espiritual que possa conduzi-los a uma "viagem até Shambhala".

A profecia fala da gradual degradação da raça humana, com a expansão da ideologia do materialismo cada vez mais generalizada em todos os lugares do mundo.  Quando os "bárbaros materialistas" estiverem reunidos sob um governo maligno, quando não houver mais nada a conquistar, as névoas dos Himalaias se dispersarão e revelarão Shambhala, como uma jóia incrustada nas montanhas. Os bárbaros atacarão Shambhala fortemente armados mas o 32º rei de Shambhala, Rudra Cakrin (ou Kalki), conduzirá a reacção contra os invasores que, então, serão destruídos.

Outra profecia parece referir-se aos tempos actuais, antecipando especificamente a desintegração do budismo no Tibete e o crescimento do materialismo no mundo. No que se refere ao Tibete, o país está praticamente anexado à China. O governo chinês, pouco afeito às tradições religiosas entende de controlar os mosteiros e interferir na tradição protocolar e hierárquica dos Lamas e monges. O exílio do Dalai Lama e do Rinpoche tibetano, Chögyan Trungpa em 1959 parecem marcar o começo de tempos difíceis para a civilização.

Um pesquisador somente pode descobrir a verdade por detrás da lenda quando entender que é necessário conhecer profundamente um ensinamento budista chamado Kalachakra Tantra. O texto místico deste ensinamento descreve o mítico reino em detalhes.

Fonte: Sofä da Sala