segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Biblioteca de Alexandria


A ideia de Biblioteca como local de conservação e consulta pública de livros era comum a muitas civilizações antigas: no Egipto, Síria, Ásia Menor, Mesopotâmia, Pérsia. Eram instituições que tinham como principal objectivo preservar e divulgar a cultura nacional.

A Biblioteca de Alexandria distinguiu-se por ser um centro universal, aberto ao saber e à pesquisa sem fronteiras. A ideia de uma cultura universal, cosmopolita, cultivada na Grécia, foi trazida para o Egipto por Alexandre o Grande, aquando da fundação de Alexandria, e pelo seu parente, o macedónio Ptolomeu I, o primeiro faraó do Egipto sob domínio grego. Diz a História que Demétrio de Phaleron incentivou Ptolomeu I a fundar em Alexandria uma academia similar à de Platão. Foram trazidos livros da cidade de Atenas, dando início à antiga biblioteca.

Nos reinados dos três primeiros faraós da dinastia Ptolomaica foram construídos a biblioteca, um museu contendo jardins, um parque zoológico com animais exóticos, salas de aula e um observatório astronómico. Parece que entre 30 a 50 pesquisadores, vindos de todas as partes do mundo civilizado, participavam do complexo, sustentados inicialmente pela família real e depois através de fundos públicos.

O acervo da biblioteca teve uma grande expansão no reinado de Ptolomeu III que solicitava livros de todo o mundo para copiar, e utilizava os mais diversos meios para obtê-los. Com isso Alexandria tornou-se um grande centro de fabricação e comércio de papiros. Uma legião de trabalhadores dedicava-se a esse ofício, ao lado de inúmeros copistas e tradutores.

Está registado na História que o primeiro bibliotecário foi Zenódoto de Éfeso, de 284 a 260 a.C.. Seu sucessor foi Calímaco de Cirene, de 260 a 240 a.C., que empreendeu uma catalogação dos livros. Por essa época, a biblioteca tinha mais de 500 000 pergaminhos de vários tipos. De 235 a 195 a.C., Eratóstenes de Cirene foi o bibliotecário. Em 195 a.C. o posto foi assumido por Aristófanes, que actualizou o catálogo de Calímaco. O último bibliotecário de que se tem notícia foi Aristarco da Samotrácia, o astrónomo, que assumiu o posto em 180 a.C.. Estas datas, possivelmente, não são de todo exactas. De uma forma ou de outra a biblioteca funcionou até ao século IV.

Dizem que a biblioteca chegou a ter 700 000 pergaminhos. Era suporte para estudos de diversas áreas do conhecimento, como Filosofia, Matemática, Medicina, Ciências Naturais e Aplicadas, Geografia, Astronomia, Filologia, História, Artes, etc. Os pesquisadores alexandrinos organizavam expedições noutras partes do mundo para aprenderem mais. Desenvolveram tanto as ciências puras como as aplicadas. Fala-se de inúmeras invenções, como bombas para puxar água, sistemas de engrenagens, odómetros, uso da força do vapor de água, instrumentos musicais, instrumentos para uso na astronomia, construção de espelhos e lentes, etc.

A destruição da Antiga Biblioteca de Alexandria é um assunto delicado, e pode-se cair em afirmações injustas devido à falta de conhecimento histórico exacto. Existem muitas lendas a respeito e poucas evidências históricas. Parece que a biblioteca, em função do seu grande acervo, estava situada em diversos prédios espalhados pela cidade. Dizem que as diversas invasões estrangeiras, e também lutas internas, ocasionaram, cada uma delas, perdas parciais. Parte do acervo foi queimado aquando da invasão dos romanos em 48 a.C., diz-se que acidentalmente. Como compensação, em 41 a.C., o imperador romano Marco Antonio doou 200 000 pergaminhos à biblioteca, acto talvez não de todo meritório, pois esses pergaminhos foram subtraídos da biblioteca de Pérgamo. Depois de passar por várias vicissitudes semelhantes, conta-se que a Biblioteca de Alexandria teria sofrido perdas com a tomada do poder pelos dirigentes cristãos, por volta do ano de 391. A versão de que os árabes terminaram de destruir a biblioteca, aquando da sua invasão em 642, está em descrédito. Parece que por essa época a biblioteca já não existia mais.

Existem muitas lendas sobre os livros da famosa biblioteca e os assuntos que ali se podia ler a respeito de alquimia, magia, visita de extraterrestres, histórias de civilizações antiquíssimas, registos das mais diversas cosmologias, etc. Alguns autores sustentam que o essencial está a salvo em profundas cavernas, nalguns locais ermos do planeta. Estariam resguardados, em algum lugar, os tratados perdidos de Matemática, assim como tantos outros? Um dia saberemos a verdade.

Fonte: Hipertexto Pitágoras

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